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Devotio Moderna

Publicada em 02/09/20 às 20:04h - 516 visualizações

por Dom José Roberto Palau


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capa do livro \"imitação de Cristo\"  (Foto: @pinterest)

A “DEVOTIO MODERNA”: dos séculos XV - XVII oferecia um tipo afetivo de espiritualidade, sem excessivas teorizações sobre a união com Deus no estado místico. Um exemplo relevante da espiritualidade da ‘Devotio Moderna’ é a obra ‘Imitação de Cristo’, atribuída a Tomás de Kempis. 

Era preciso despir-se do homem velho para revestir-se do homem novo, homem configurado a Cristo. Para chegar a esta configuração era necessário ‘ruminar a paixão de Cristo’. É justamente a meditação da humanidade de Cristo a porta de entrada para a vida espiritual: imitar a humanidade para contemplar a divindade. É preciso valorizar os sofrimentos e as tribulações inevitáveis da existência para se configurar sempre mais a Cristo. 

A obra "Imitação de Cristo" é construída por quatro livros. No primeiro livro, ao lado do desprezo do mundo acentua-se a desconfiança em relação a um saber racionalista. A "Imitação de Cristo" liberta-se decididamente de um nacionalismo radical para concentrar a própria atenção sobre as verdades essenciais inerentes à existência humana. 

No segundo livro, a "Imitação de Cristo" adquire uma densidade mais espessa. A alma deve colocar-se em contato de amor com Cristo e identificar-se de tal maneira com ele, a ponto de substituir o eu próprio com o eu de Jesus Cristo. Neste processo íntimo e radical de configuração a Cristo exige-se o controle dos instintos humanos e o deslocamento total dos bens sensíveis. 

No terceiro livro, a amizade com Cristo desdobra-se num diálogo pessoal da alma com Cristo, no qual o relacionamento com o divino faz-se vivo e imediato. A alma sente-se impregnada por uma suprema ternura divina e envolta por uma luz beatificante. Na subida ao monte de Deus, a alma encontrase encorajada pela amizade com Cristo, que a ajuda com sua graça e o seu a or misericordioso. 

No quarto e último livro, este caminho de santidade chega ao seu ponto máximo, aqui na terra; e ao chegar a esse ponto, a alma é levada à santidade 2 pela presença amorosa de Cristo na eucaristia. O amor que impele a alma para a comunhão com Deus alimenta-se e se fortifica com a devoção eucarística. Este amor, contudo, não se funda sobre os esforços humanos, não é fruto da ascese pessoal, mas á puro dom de Deus: é graça! 

Em suma, a ‘Devotio Moderna’ caracteriza-se como uma espiritualidade sem teorizações e argumentações teológicas. O meio de se chegar à contemplação era a prática fiel da meditação, com o objetivo de se crescer em devoção e amor. Basicamente, a ‘Devotio Moderna’ foi um apelo à interioridade. 




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1 comentário


Giovani Siqueira

02/09/2020 - 22:40:56

Excelente reflexão sobre a obra Imitação de Cristo! Em resumo, a obra nos diz:de que vale toda ciência do mundo e vir a perder a própria alma?! Uma obra que nos provoca e faz caminhar com seriedade na graça de Deus.


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